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domingo, 11 de dezembro de 2011

O enigma da palavra

A palavra em mim é quase sempre
Um mistério de olhares e silêncios.
Por mais que a aflição das minhas mãos
Tirem-na do exílio ou façam-na alada,
Há um hiato que a transcende.
A minha palavra é muitas vezes
Um estar só, um desabitar-me,
Um discurso impronunciável de emoções e segredos.
Como explicar a intenção da curva de cada letra,
Enquanto florescem inconscientes desejos
Que se encobrem nos véus dos meus dedos?
A palavra em mim está além do expresso
Da pretensa linha reta do dizível
Ou da rasura proposital da razão,
Quando sangra a página em branco.
É que em mim, há a palavra intocada, inacabada
Pulsando viva na tessitura de minhas mãos
Em suores de uma permanente ausência
Suspirando em calafrios, uma saudade, uma falta.
E tanto a busco, em seus imprevistos códigos
Percorrendo os abismos do seu desvendar
Que vou me conjugando em inquietudes
Refletindo-me no espelho da escrita.
Fernanda Guimarães

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