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sábado, 22 de dezembro de 2012

Então é Natal....

Objeto de desejo conquistado

Há muito que eu queria, agora me dei ao luxo de possuir ;)



É maravilhoso acordar e tomar um café de verdade!!!!!

Inconstância

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
fé igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...


Florbela Espanca

Memória

De tudo fica um pouco
do passeio que fiz
das música que ouvi
ficou um pouco da flor que colhi.
Ficou um pouco dos beijos que dei
dos seus olhos
da sua pele clara
das suas mãos macias ficou um pouco (muito pouco).

Pouco ficou daquele dia
em que vi o beija-flor beijar a flor.

Ficam poucas cores, desenhos
Pouco, muito pouco, muito pouco.
Mas de tudo fica um pouco
do azul do oceano
da cor das rochas
da paz que existe no coração
do ser humano.


Maria Clara Oliveira

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Um filme para se emocionar

Poucas são as vezes em que algo consegue me impressionar.
O menino do pijama listrado é um filme lindo, mesmo abordando um tema tão denso - possibilita muitas reflexões sobre a nossa forma de viver a vida.

http://www.youtube.com/watch?v=HXne8WN2VDs

Piedosa Mutação

Pedi aos Deuses do fogo,
do Inferno e do Trovão,
queimassem os sonhos passados,
que estavam no coração.
Os Deuses tiveram dó,
e, vendo meu sofrimento,
queimaram os sonhos doridos,
no fogo mais violento!
As chamas subiram aos céus,
nas asas fortes do Vento!
São hoje rosas vermelhas,
brilhando no firmamento!

Esther Moura

Brinquedo impossível

Brincando na idade adulta
acabei fazendo um verso,
um avesso quase perverso
de não mais ser criança
e ainda querer brincar.
Sorte contrária à minha
Não mais ser criança e ainda
querer fazer tanta arte
nesta brincadeira à parte
de ser poeta, um dia.
Ah, mania ou loucura
brincando no dia
à hora de trabalhar.
Quando serei adulta
e encontrarei rimas
esquecidas de se cruzar?
Nunca, nunca, nunca
Todas as vezes que cresci
confesso que me arrependi
Bom é ser mesmo criança
Ser poeta, na esperança
desse um dia: Nunca cresci!


Regina Souza Vieira

Ambigüidade (de "Cantigas do Desencanto")


Dança de elfos em um caminho silencioso e ensolarado
Na tarde que se estende, preguiçosa. Tua mão na minha, quente
Como um elo inconsciente ao mundo que deixamos para trás
Aquém do sonho. O que me dás, aquilo que abraço, não existe
E o que existe não importa. O que existe não compreende
As lacunas deixadas pelas folhas caindo à nossa volta.
O que existe não tem compartimento grande o suficiente
Para conter o silêncio do que nunca foi - e nunca será.
O que existe devolve em eco o impalpável, o sutil
O inconseqüente das cantigas que entoas
Na quietude ensolarada que nos cerca.
Por que razão é preciso que eu te crie
Para além da vida à nossa frente
Porque a realidade, de repente,
É tão menor que o sonho?


Dalva Agne