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sábado, 31 de dezembro de 2011

Sete Luas

Há noites que são feitas dos meus braços
e um silencio comum às violetas
e há sete luas que são sete traços
de sete noites que nunca foram feitas
Há noites que levamos à cintura
como um cinto de grandes borboletas
E um risco a sangue na nossa carne escura
de uma espada à bainha de um cometa
Há noites que nos deixam para trás
enrolados no nosso desencanto
e cisnes brancos que só são iguais
à mais longinqua onda de seu canto
Há noites que nos levam para onde
o fantasma de nós fica mais perto:
e é sempre a nossa voz que nos responde
e só o nosso nome estava certo.
Natália Correia

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Veraneio gaúcho

Pura Verdade...É assim mesmo
Veraneio Gaúcho
Está chegando o verão e com ele o veraneio, como chamamos aqui no sul,
Não sei vocês, de outros Estados, Sabem, mas temos o mais fantástico litoral do País: de Torres ao Chuí, uma linha reta, sem enseadas, baias, morros, reentrâncias ou recortes. Nada! Apenas uma linha reta, areia de um lado, o mar do outro.
Torres, aliás, é um equívoco geográfico, contrário às nossas raízes farroupilhas e devia estar em Santa Catarina.
Característica nossa, não gostamos de intermediários.
Nosso veraneio consiste em pisar na areia, entrar no mar, sair do mar e pisar na areia. Nada de vista deslumbrantes, vegetações verdejantes, montanhas e falésias, prainhas paradisíacas e outras frescuras cultivada ai para cima.
O mar gaúcho não é verde, não é azul, não é turquesa.
É marrom!
Cor de barro iodado, é excelente para a saúde e para pele!
E nossas ondas são constantes, nem pequenas nem gigantes, não servem para pegar jacaré ou furar onda.
O solo do nosso mar é escorregadio, irregular, rico em buracos.
Quem entra nele tem que se garantir.
Não vou falar em convenientes como as estrada engarrafadas, balneários hiper-lotados, supermercados abarrotados, falta de produtos, buzinaços de manha de tarde e de noite, areia fervendo, crianças berrando, ruas esburacadas, tempestades e pele ardendo, porque protetor solar é coisa de fresco e em praia de gaúcho não tem sombra. Nem nos dias de chuva, quase sempre nos finais de semana, provocando o alegre, intermitente, reincidente e recorrente coaxar dos sapos e assustadora revoadas de mariposas.
Dois ventos predominam, em nosso veraneio: O nordeste - também chamado de nordestão - e o sul, cuja origem é a Antártida.
O nordestão é o vento com grife e estilo... estilo vendaval.
Chega levantando areia fina que bate em nosso corpo como milhões de mosquito a nos pinicar. Quem entra no mar, ao sair, rapidamente se transforma no - Como chamamos com bom humor - veranista à milanesa.
A propósito, provoca um fenômeno único no universo, fazendo com que o oceano se coloque em posição diagonal à areia: você entra na água bem aqui e quando sai, está a quase um quilômetro para o Sul. Essa distância é variável, relativa ao tempo que você permanecer dentro da água.
Outra coisa: nosso mar é para macho! Água gelada, vai congelando seus pés e termina no cabelos. Se você prefere sofrer tudo de uma vez, mergulhe e erga-se, sabendo que nos próximos quinze minutos sua respiração voltará ao normal: é o tempo que leva para a recuperar-se do choque térmico.
Noventa por cento do nosso veraneio é agraciado pelo nordestão que, entre outras coisas, promove uma atividade esportiva praiana, inusitada e exclusiva do Sul: Caça ao guardasol, Guardasol, você sabe, é o antigo guarda-sol, espécie de guarda-chuva de lona, colorida de amarelo, vermelho e verde, cores do verão, enfim cujo cabo tem uma ponta que você enterra na areia e depois senta embaixo, em pequenas cadeiras de alumínio que não agüentam seu peso e se enterram na areia.
Chega o nordestão e... lá se vai o guardassol, voando alegremente pela orla e você correndo atrás. ganha quem consegue pegá-lo antes de ele se cravar na perna de alguém ou desmanchar o castelo de areia que, há três horas, você está construindo com seu filho de cinco anos.
O vento sul, por sua vez, é menos espalhafatoso. se você for a praia de sobretudo, cachecol e meias de lã, mal perceberá que ele está soprando. É o vendo ideal para se comprar milho verde e deixar a água fervente escorrer em suas mãos para aquece-las.
Raramente, mas acontece, somos brindados com o vendo leste, aquela que vem diretamente do mar para a terra. Aqui no sul, chamamos o vento leste de vento cultural, porque quando ele sopra, aprendemos cientificamente como se sentem os camarões cozinhando ao bafo.
E, em todos os veraneios, acontece aquele dia perfeito: nenhum vento, mar tranquilo e transparente, o comentário geral é: Foi um dia de Santa Catarina, de Maceió, de Salvador e outras bichices, esse dia perfeito quase sempre acontece no meio da semana, quando quase ninguém está lá para aproveitar. Mas fala-se dele pelo resto do veraneio, pelo resto do ano, até o próximo verão.
Morram de inveja, esta é outra das coisas de gaúchos!
Atenta a essas questões, nossa indústria da construção civil, conhecida mundialmente por suas soluções criativa e inéditas, inventou um sistema maravilhoso que nos permite veranear no litoral a uma distância não inferior a quinhentos metros da areia e, na maioria dos casos, jamais ver o mar: os famosos condomínios fechados.
A coisa funciona assim: a construtora adquire uma imensa área de terra (areia), em geral a preço barato porque fica longe do mar, cerca tudo com um muro e, mal começa a primavera, gasta milhares de reais em anúncios na mídia, comunicando que, finalmente agora você tem ao seu dispor o melhor estilo de veranear na praia: Longe dela: Oferece terrenos de ponta a ponta, quanto mais longe da praia, mais caro é o terreno. Você vai lá e compra um.
Enquanto isso a construtora urbaniza o lugar, faz ruas, obras de saneamento, hidráulica, elétrica, salão de festa comunitário, piscina comunitária com águas térmicas, jardins e até lagos e lagoas artificiais onde coloca peixes para você pescar. sem falar no ginásio de esportes, quadra de tênis, futebol, futebol sete, se o lago for grande, uma lancha e um professor para você esquiar na água e todos os demais confortos de um condomínio fechado de Porto Alegre, além  de um sistema de segurança quase, repito, quase invulnerável.
Feliz proprietário de um terreno, você agora tem que construir uma casa, obedecendo é claro ao plano-diretor do condomínio que abrange desde altura do imóvel até o estilo.
O que fazemos nós, gaúchos, diante dessa fabulosa novidade? Aderimos, é claro. Construímos as nossas casas que, de modo algum, podem ser inferiores as dos vizinhos, colocam piscinas térmicas nos nossos terrenos para não precisar usar a comunitária, mobiliamos e equipamos a casa com o que á de melhor, sobretudo na questão da tecnologia: Internet, TV à cabo, Plasma ou LCD, Linhas telefônicas, enfim, veraneamos no litoral como se não tivéssemos saído da nossa casa na cidade.
Nossos veraneios costumam começar ai pela metade de janeiro e terminar pela metade do fevereiro, depende de quando cai o carnaval. Somos um povo trabalhador, não costumamos ficar parados nas nossas praias.
Vamos para lá nas sextas-feiras de tarde e voltamos de lá nos domingos a noite. quase todos na mesma hora, ida e volta.
É assim que, na sexta-feira, pelas quatro ou cinco da tarde, entramos no engarrafamento. Chegamos no nosso condomínio lá pelas nove ou dez da noite. Usufruímos nosso novo estilo de veranear no sábado - Manhã, tarde e noite - e no domingo, quando fechamos a casa.
Adoramos o trabalhão que dá para abrir, arrumar e prover a casa na sexta a noite, e o mesmo trabalhão que dá no domingo de noite.
E nem vou contar quando, ao chegarmos, a geladeira estragou, o sistema elétrico pifou ou a empregada contratada para o fim-de-semana não veio.
Temos aqui no sul, uma expressão regional que vou revelar ao resto do mundo: Graças a Deus que terminou esta bosta de veraneio!
E ai amigos prontos para irem para praias gaúchas?
Ótimo veraneio aos amigos.
desconheço a autoria

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Anjos existem

Há pessoas que surgem em nossas vidas em momentos apropriados e permanecem nela, velam para que tudo corra bem e trazem o aconchego e a segurança que precisamos para estar ‘de bem com a vida’; estou me referindo especificamente, a minha reumatologista, que cuida de mim desde 2005, quando tive o diagnóstico de poliangeíte microscópica e sempre me traz saúde e energia para enfrentar os obstáculos que a vida impõem.
A maioria dos profissionais de saúde não se dispõe a fazer mais que o mínimo necessário pelo paciente – e eu sei disso porque tenho formação na área da saúde e convivi profissionalmente com a categoria.
Quando você encontra alguém que te enxerga como um todo, muito além de um único sistema fisiológico que não está funcionando adequadamente, pode-se dizer que és uma pessoa  abençoada e, com muita sorte de ter um anjo da guarda de carne e osso.
Sinto-me feliz de tê-la ao meu lado nos momentos difíceis, ela me traz tranqüilidade e a certeza de que eu vou conseguir enfrentar as turbulências do caminho.
Na segunda-feira, dia 26.12, tive consulta com ela que, só de ouvir a minha tosse disse que eu estou com sinusite e não refluxo, me prescreveu antibióticos e eu estou apresentando melhoras – como que a otorrino não percebeu isso? talvez por falta de experiência ou ainda, porque é daqueles médicos que só diagnosticam após vários exames invasivos e estressantes para o paciente.
Também disse que eu posso fazer uma alimentação normal, desde que não cometa os excessos que ninguém deve cometer e que, do ponto de vista reumatológico eu estou estável mas que, ela quer me ver bimestralmente, para acompanhar o meu estado clínico enquanto estou em fase de adaptação dessa nova superterapia.
São poucas as pessoas que têm o privilégio de contar com um profissional de saúde, que demonstre empatia e preocupação com o teu bem-estar geral.
Obrigada Tatiana, por fazer parte da minha vida e cuidar de mim, não sei como viveria sem você.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Um natal diferente

Apesar de pertencer a uma família muito numerosa, nunca tivemos o hábito de nos reunirmos em datas comemorativas – pra ser sincera acho que os 9 filhos do clã Leonardo Ruthes nunca estiveram juntos em um mesmo lugar (nem mesmo quando meu pai morreu).
Eu, a mais nova, e minhas 3 irmãs que moram aqui em Porto Alegre mantemos uma relação eqüidistante, cada uma levando a sua vida... Considero como minha família, a minha irmã mais velha que também mora aqui e o meu irmão mais velho e sua família que moram em Santa Catarina – estou separada por anos-luz dos outros e não sinto vontade de estabelecer vínculo algum.
A minha mãe, 40 anos mais velha que eu, cobra a minha ausência mas, eu penso que ‘ser mãe’ não é colocar o filho no mundo – envolve cuidado, carinho e proteção e isso tem prazo de validade, se deixar passar, quem sabe na próxima encarnação... não são os laços de sangue que geram afinidade entre as pessoas.
Aprendi, ainda muito jovem que estou sozinha, por minha conta e risco; os parentes servem para criticar, julgar e condenar, sem conhecer os fatos (por mais que se digam cristãos....)
Neste ano, a mulher de um dos meus sobrinhos convidou-me para cear com eles e participar da troca de presentes do ‘amigo secreto’. O jantar estava ótimo, devorei com o olfato e os olhos todas as guloseimas e comi o meu franguinho grelhado destemperado com salada, de sempre.
No dia 25, o almoço foi na casa da minha irmã mais velha com a presença das 4 irmãs, porto-alegrenses por adoção – já faz quase 20 anos que moro na cidade e posso contar nos dedos as vezes em que estivemos todas  juntas; mais uma vez, resistir à toneladas de comidas nada saudáveis mas muito apetitosas e eu firme forte com um pequeno pedaço de peito de chester e saladas sem tempero; não houve stress ou intrigas entre os familiares presentes (talvez pela ausência de bebidas alcoólicas) e, aparentemente, todas e todos ficaram felizes.
Com 43 anos de idade, ter a experiência inédita de reunir a família, trocar presentes e comemorar uma data festiva, me mostrou que podemos ser surpreendidos todos os dias, então, que venham boas surpresas!!!!!.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Noite de chuva

Chuva...Que gotas grossas!...Vem ouvir:
Uma... duas... mais outra que desceu...
É Viviana, é Melusina, a rir,
São rosas brancas dum rosal do Céu...
Os lilases deixaram-se dormir...
Nem um frémito... a terra emudeceu...
Amor! Vem ver estrelas a cair:
Uma... duas... mais outra que desceu...
Fala baixo, juntinho ao meu ouvido,
Que essa fala de amor seja um gemido,
Um murmúrio, um soluço, um ai desfeito...
Ah! deixa à noite o seu encanto triste!
E a mim... o teu amor que mal existe,
Chuva a cair na noite do meu peito!
Florbela Espanca

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Boas Festas

Que o Natal seja mais um momento em que as pessoas acreditem
que vale a pena viver um Novo Ano.


Um grande abraço à todas e todos

sábado, 17 de dezembro de 2011

A cachorrinha

Para a minha cusquinha que eu amo de paixão!!!!



Vinícius de Moraes

 

consumidora consciente

Fui apresentada a este site por uma grande amiga e realmente funciona :)
Quando todas e todos passarem a exigir respeito e consideração nas relações de consumo, o mundo ficará melhor!
O cadastro é grátis e vale a pena!
www.reclameaqui.com.br

Poetando...

Resolvi aventurar-me no Concurso Poemas no Ônibus, por enquanto, não fui selecionada :(
Os poemas são curtos, para facilitar a leitura pelos usuários do transporte coletivo, onde eles são afixados...



(2009)
Ando
Meio sem noção,
Cheio de razão,
Vazio de emoção.
(2010)
De repente,
Algo acontece no mundo da gente.
Você sente uma emoção diferente,
Tem a sensação de estar ausente.
Mesmo que na parada esteja presente,
Deixa o ônibus passar à sua frente!

(2011)
Em busca de um raio de sol
Vai seguindo esbelto, o girassol
Adormece depois, ao pôr-do-sol.

Se continuar a escrever nesse ritmo, daqui há uns 50 anos, posso publicar um livro - como é pouco provável eu viver tanto, já estão cá publicados!

Da taça, um trago

De Bandeira herdei o "não pude"
De Mário aquela dor-felicidade
De Murilo certo misticismo
De Cabral o sertão quase rude
De Drummond a simples conclusão:
"O poeta ressentido e o mais: nuvens"
Ah, meus poetas, quantas mensagens!
Ditam tantos desses seus cantares
Que fazem de nossas esparsas vidas
simples gotas em seus imensos mares.
Que bom o poder de dar voz aos sapos
Que bom o ser sempre arlequinal
Que bom ter uma vida severina
Quando numa vivência interina
Ser gauche sendo poeta, não é mal.
Ah, quanto bebo de vocês, Poetas!
Quanto saber, quanta filosofia!
Há muitas vidas que não valem
Um só verso; uma só poesia.
Desconfio que também fiz um poema
"Eu não disse que, de novo, me enganei?"

Regina Souza Vieira

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Viciada...

Posso passar horas no computador jogando Atlantic Quest; estou em uma fase em que não consigo me concentrar para mudar de fase!!!!
Tri-desocupada!!!!!

Eu-cológica 2

O QUE É COLETA SELETIVA?

A Coleta Seletiva consiste em remover do lixo as coisas que podem ser reaproveitadas por quem gerou esse resíduo, seja a industria, o comércio ou as residências. A separação desses materiais recicláveis facilita também o aproveitamento da matéria orgânica, que pode ser encaminhada à compostagem, gerando composto orgânico.
Separar é Legal!!!
Veja os benefícios:
·        Manutenção da floresta nativa
·        Preservação de recursos naturais
·        Economia de energia e água
·        Reciclagem de materiais que vão para o lixo
·        Conservação do solo, diminuindo o lixo nos aterros e lixões
·        Maior vida útil de aterros sanitários
·        Diminuição dos custos de produção com o reaproveitamento de materiais pela indústria
·        Diminuição do desperdício
·        Melhoria da limpeza e higiene da cidade

Os "três erres" para uma produção consciente de lixo: Reduzir o consumo, Reutilizar os materiais e Reciclar.

Uma causa que defendo para as gerações futuras

Eu-cológica

TÁ CALOR, NÉ? IMAGINA SEM ÁGUA.


CALÇADA      
• Não lave o carro com mangueira. Use um balde e um pano. Melhor seria avaliar a necessidade de ter um só prá você!
• Não use a mangueira para limpar a calçada, e sim uma vassoura. O efeito é o mesmo.
       

BANHEIRO    
• Feche a torneira enquanto escova os dentes ou passa o creme de barbear.
• Não tome banhos demorados.
• Ao dar descarga, você gasta muita água. Não use à toa.
             
COZINHA
• Antes de lavar pratos e panelas, limpe bem os restos de comida e jogue no lixo.
• Feche a torneira enquanto ensaboa a louça.

VAZAMENTOS
• Torneira pingando desperdiça muita água. Sempre que necessário, troque o courinho.
• Despeje ¾ de um copo de café (líquido) no vaso sanitário. Se houver movimentação ou alteração na tonalidade da água, significa que há vazamento.

VASO SANITÁRIO
• Não use o vaso sanitário como lixeira.
• Mantenha a válvula de descarga regulada.
• Vazamentos? Conserte quanto antes.

LAVAR ROUPAS
• Deixe a roupa acumular e lave tudo de 1 vez.
• Feche a torneira enquanto ensaboa e esfrega a roupa.
• Só ligue a máquina de lavar roupa quando estiver cheia.

LAVAR A LOUÇA
• Encha a pia com água e detergente até a metade e coloque a louça. Deixe-a de molho por uns minutos e ensaboe. Repita o processo e enxágüe.
• Só ligue a máquina de lavar louça quando estiver cheia.

QUINTAL       
• Não regue as plantas com mangueira. Use um balde ou um regador.
• Regue pela manhã ou á noite para evitar a evaporação.
       

Uma das minhas facetas 'sunitas'

Sonho de consumo

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Não foi acidente

«INICIATIVA POPULAR SOBRE CRIMES DE TRÂNSITO QUE ENVOLVA A EMBRIAGUEZ AO VOLANTE»
 
 
Pessoalmente concordo com esta petição e acho que também vais concordar.
Subscreve a petição aqui http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N15216 e divulga-a pelos teus contatos.
Obrigada.

Amizade

AMIZADE SEM TRATO

Dei pra me emocionar cada vez que falo dos amigos.
Deve ser a idade, dizem que a gente fica mais sentimental.
Mas é fato: quando penso no que tenho de mais valioso, os amigos aparecem em pé de igualdade com o resto da família.
E quando ouço pessoas dizendo que amigo, mas amigo meeeesmo, a gente só tem dois ou três, empino o peito e fico até meio besta de tanto orgulho: eu tenho muito mais do que dois ou três. São uma cambada.
Não é privilégio meu, qualquer pessoa poderia ter tantos assim, mas quem se dedica?Fulano é meu amigo, Sicrana é minha amiga. É nada. São conhecidos. Gente que cumprimentamos na rua, falamos rapidamente numa festa, de repente sabemos até de uma fofoca sobre eles, mas amigos? Nem perto.
Alguns até chegaram a ser, mas não são mais por absoluta falta de cuidado de ambas as partes.
Amizade não é só empatia, é cultivo.
Exige tempo, disposição. E o mais importante: o carinho não precisa - nem deve - vir acompanhado de um motivo.
As pessoas se falam basicamente nos aniversários, no Natal ou para pedir um favor - tem que haver alguma razão prática ou festiva para fazer contato. Pois para saber a diferença entre um amigo ocasional e um amigo de verdade, basta tirar a razão de cena.
Você não precisa de uma razão. Basta sentir a falta da pessoa.
E, estando juntos, tratarem-se bem.
Difícil exemplificar o que é tratar bem. Se são amigos mesmo, não precisam nem falar, podem caminhar lado a lado em silêncio. Não é preciso trocar elogios constantes, podem até pegar no pé um do outro, delicadamente. Não é preciso manifestações constantes de carinho, podem dizer verdades duras, às vezes elas são necessárias.
Mas há sempre algo sublime no ar entre dois amigos de verdade. Talvez respeito seja a palavra. Afeto, certamente. Cumplicidade? Mais do que cumplicidade. Sintonia? Acho que é amor.
Só mesmo amando para você confiar a ele o seu próprio inferno.
E para não invejarem as vitórias um do outro.
Por amor, você empresta suas coisas, dá o seu tempo, é honesto nas suas respostas, cuida para não ofender, abraça causas que não são suas, entra numas roubadas, compreende alguns sumiços - mas liga quando o sumiço é exagerado. Tudo isso é amizade com trato.
Se amigos assim entraram na sua vida, não deixe que sumam.
Porém, a maioria das pessoas não só deixa como contribui para que os amigos evaporem. Ignora os mecanismos de manutenção.
Acha que amizade é algo que vem pronto e que é da sua natureza ser constante, sem precisar que a gente dê uma mãozinha.
E aí um dia abrimos a mãozinha e não conseguimos contar nos dedos nem dois amigos pra valer.
E ainda argumentamos que a solidão é um sintoma destes dias de hoje, tão emergenciais, tão individualistas. Nada disso.
A solidão é apenas um sintoma do nosso descaso.
Martha Medeiros

O segredo de fazer xixi em grupo

Só uma mulher consegue entender cada vírgula deste texto!!!!
O grande segredo de toda a mulher, com relação aos banheiros é que quando pequena, quem a levava ao banheiro era sua mãe. Ela ensinava a limpar o assento com papel higiênico e cuidadosamente colocava tiras de papel no perímetro do vaso e instruía:
"Nunca, nunca sente em um banheiro público"
E, em seguida, mostrava "a posição", que consiste em se equilibrar sobre o vaso numa posição de sentar, sem que o corpo, no entanto,  entre em contato com o vaso.
"A Posição" é uma das primeiras lições de vida de uma menina, super importante e necessária, e irá nos acompanhar por toda a vida. No entanto, ainda hoje, em nossa vida adulta, "a posição" é dolorosamente difícil de manter quando a bexiga está quase estourando.
Quando você TEM  que ir ao banheiro público, você encontra uma fila de mulheres, que faz você pensar que o Bradd Pitt deve estar lá dentro. Você se resigna e espera, sorrindo para as outras mulheres que também estão com braços e pernas cruzados na posição oficial de "estou me mijando".
Finalmente chega a sua vez, isso, se não entrar a típica mamãe com a menina que não pode mais se segurar.
Você, então verifica cada cubículo por debaixo da porta para ver se há pernas.
Todos estão ocupados.
Finalmente, um se abre e você se lança em sua direção quase puxando a pessoa que está saindo.
Você entra e percebe que o trinco não funciona (nunca funciona); não importa... você pendura a bolsa no gancho que há na porta e se não há gancho (quase nunca há gancho), você inspeciona a área.. o chão está cheio de líquidos não identificados e você não se atreve a deixar a bolsa ali, então você a pendura no pescoço enquanto observa como ela balança sob o teu corpo, sem contar que você é quase decapitada pela alça porque a bolsa está cheia de bugigangas que você foi enfiando lá dentro, a maioria das quais você não usa, mas que você guarda porque nunca se sabe...
Mas, voltando à porta...
Como não tinha trinco, a única opção é segurá-la com uma mão, enquanto, com a outra, abaixa a calcinha com um puxão e se coloca "na posição".
Alívio...... AAhhhhhh.....finalmente...
Aí é quando os teus músculos começam a tremer ...
Porque você está suspensa no ar, com as pernas flexionadas e a calcinha cortando a circulação das pernas, o braço fazendo força contra a porta e uma bolsa de 5 kg pendurada no pescoço.
Você adoraria sentar, mas não teve tempo de limpar o assento nem de cobrir o vaso com papel higiênico. No fundo, você acredita que nada vai acontecer, mas a voz de tua mãe ecoa na tua cabeça "jamais sente em um banheiro público!!!" e, assim, você mantém "a posição" com o tremor nas pernas...
E, por um erro de cálculo na distância, um jato finíssimo salpica na tua própria bunda e molha até tuas meias!! Por sorte, não molha os sapatos. Adotar "a posição" requer grande concentração. Para tirar essa desgraça da cabeça, você procura o rolo de papel higiênico, maaassss, para variar, o rolo está vazio...! Então você pede aos céus para que, nos 5 kg de bugigangas que você carrega na bolsa, haja pelo menos um miserável lenço de papel. Mas, para procurar na bolsa, você tem que soltar a porta. Você pensa por um momento, mas não há opção...
E, assim que você solta a porta, alguém a empurra e você tem que freiá-la com um movimento rápido e brusco enquanto grita OCUPAAADOOOO!!!
Aí, você considera que todas as mulheres esperando lá fora ouviram o recado e você pode soltar a porta sem medo, pois ninguém tentará abrí-la novamente (nisso, nós, as mulheres, nos respeitamos muito) e você pode procurar seu lenço sem angústia. Você gostaria de usar todos, mas quão valiosos são em casos similares e você guarda um, por via das dúvidas. Você então começa a contar os segundos que faltam para você sair dali, suando porque você está vestindo o casaco já que não há gancho na porta ou cabide para pendurá-lo. É incrível o calor que faz nestes lugares tão pequenos e nessa posição de força que parece que as coxas e panturrilhas vão explodir. Sem falar do soco que você levou da porta, a dor na nuca pela alça da bolsa, o suor que corre da testa, as pernas salpicadas...
A lembrança de sua mãe, que estaria morrendo de vergonha se a visse assim, porque sua bunda nunca tocou o vaso de um banheiro público, porque, francamente, "você não sabe que doenças você pode pegar ali"
... você está exausta. Ao ficar de pé você não sente mais as pernas. Você acomoda a roupa rapidíssimo e tira a alça da bolsa por cima da cabeça!...
Você, então, vai à pia lavar as mãos. Está tudo cheio de água, então você não pode soltar a bolsa nem por um segundo. Você a pendura em um ombro, e não sabendo como funciona a torneira automática, você a toca até que consegue fazer sair um filete de água fresca e estende a mão em busca de sabão. Você se lava na posição de corcunda de notre dame para não deixar a bolsa escorregar para baixo do filete de água... O secador, você nem usa. É um traste inútil, então você seca as mãos na roupa porque nem pensar usar o último lenço de papel que sobrou na bolsa para isso.
Você então sai. Sorte se um pedaço de papel higiênico não tiver grudado no sapato e você sair arrastando-o, ou pior, a saia levantada, presa na meia-calça, que você teve que levantar à velocidade da luz, deixando tudo à mostra!
Nesse momento, você vê o seu amigo que entrou e saiu do banheiro masculino e ainda teve tempo de sobra para ler um livro enquanto esperava por você.
"Por que você demorou tanto?" pergunta o idiota.
Você se limita a responder
"A fila estava enorme"
E esta é a razão porque nós, as mulheres, vamos ao banheiro em grupo. Por solidariedade, já que uma segura a tua bolsa e o casaco, a outra segura a porta e assim fica muito mais simples e rápido já que você só tem que se concentrar em manter "a posição" e a dignidade.
Obrigada a todas as amigas que já me acompanharam ao banheiro.

Autor desconhecido

é preciso deixar que a vida te despenteie

VIVER DESPENTEADA

Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te despenteie, por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade…
O mundo é louco, definitivamente louco…
O que é gostoso, engorda.
O que é lindo, custa caro. 
O sol que ilumina o teu rosto enruga.
E o que é realmente bom dessa vida, despenteia…
Fazer amor, despenteia.
Rir às gargalhadas, despenteia.
Viajar, voar, correr, entrar no mar, despenteia.
Tirar a roupa, despenteia.
Beijar a pessoa amada, despenteia.
Brincar, despenteia.
Cantar até ficar sem ar, despenteia.
Dançar até duvidar se foi boa idéia colocar aqueles saltos gigantes essa noite, deixa seu cabelo irreconhecível…
Então, como sempre, cada vez que nos vejamos eu vou estar com o cabelo bagunçado… mas pode ter certeza que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida.
É a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, do que aquela que decide não subir!
Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável, toda arrumada por dentro e por fora... O guia de conduta deste mundo exige boa presença:
Arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça, coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique séria… 
É talvez devesse seguir as instruções, mas quando vão me dar a ordem de ser feliz?
Por acaso não se dão conta que para ficar bonita eu tenho que me sentir bonita…
A pessoa mais bonita que posso ser!
O único que realmente importa é que ao me olhar no espelho, vejo a mulher que devo ser.
Por isso, minha recomendação a todas as mulheres:
Entreguem-se!
Comam coisas gostosas.
Beijem, abracem, dancem, apaixonem-se, relaxem, viajem, pulem,
durmam tarde, acordem cedo, corram, voem, cantem, arrumem-se para ficarem lindas, arrumem-se para ficarem confortáveis, admirem a paisagem, aproveitem, e, acima de tudo, deixem a vida lhes despentear!
O pior que pode acontecer é, que rindo em frente ao espelho vocês precisem se pentear de novo... 
(autor/a desconhecido/a)

Santa e Bela Catarina

Eu me orgulho de ser filha desta terra :)


A janela dos outros

Gosto do que ela escreve ;)
 

Gosto dos livros de ficção do psiquiatra Irvin Yalom (Quando Nietzsche Chorou, A Cura de Schopenhauer) e por isso acabei comprando também seu Os Desafios da Terapia, em que ele discute alguns relacionamentos padrões entre terapeuta e paciente, dando exemplos reais. Eu devo ter sido psicanalista em outra encarnação, tanto o assunto me fascina.
Ainda no início do livro, ele conta a história de uma paciente que tinha um relacionamento difícil com o pai. Quase nunca conversavam, mas surgiu a oportunidade de viajarem juntos de carro e ela imaginou que seria um bom momento para se aproximarem. Durante o trajeto, o pai, que estava na direção, comentou sobre a sujeira e degradação de um córrego que acompanhava a estrada. A garota olhou para o córrego a seu lado e viu águas límpidas, um cenário de Walt Disney. E teve a certeza de que ela e o pai realmente não tinham a mesma visão da vida. Seguiram a viagem sem trocar mais palavra.

Muitos anos depois, esta mulher fez a mesma viagem, pela mesma estrada, desta vez com uma amiga. Estando agora ao volante, ela surpreendeu-se: do lado esquerdo, o córrego era realmente feio e poluído, como seu pai havia descrito, ao contrário do belo córrego que ficava do lado direito da pista.E uma tristeza profunda se abateu sobre ela por não ter levado em consideração o então comentário de seu pai, que a esta altura já havia falecido.
Parece uma parábola, mas acontece todo dia: a gente só tem olhos para o que mostra a nossa janela, nunca a janela do outro. O que a gente vê é o que vale, não importa que alguém bem perto esteja vendo algo diferente.
A mesma estrada, para uns, é infinita, e para outros, curta. Para uns, o pedágio sai caro; para outros, não pesa no bolso. Boa parte dos brasileiros acredita que o país está melhorando, enquanto que a outra perdeu totalmente a esperança. Alguns celebram a tecnologia como um fator evolutivo da sociedade, outros lamentam que as relações humanas estejam tão frias. Uns enxergam nossa cultura estagnada, outros aplaudem a crescente diversidade. Cada um gruda o nariz na sua janela, na sua própria paisagem.
Eu costumo dar uma espiada no ângulo de visão do vizinho. Me deixa menos enclausurada nos meus próprios pontos de vista, mas, em contrapartida, me tira a certeza de tudo. Dependendo de onde se esteja posicionado, a razão pode estar do nosso lado, mas a perderemos assim que trocarmos de lugar. Só possuindo uma visão de 360 graus para nos declararmos sábios. E a sabedoria
recomenda que falemos menos, que batamos menos o martelo e que sejamos menos enfáticos, pois todos estão certos e todos estão errados em algum aspecto da análise. É o triunfo da dúvida.

Martha Medeiros

Cuidado com a preguiça de fazer pequenas coisas

Pode me chamar de gay

Pode me chamar de gay, não me ofendo.

Pode me chamar de gay, é um elogio.
Pode me chamar de gay, apesar de ser heterossexual, não me importo de ser confundido.
Ser gay me favorece, me amplia, me liberta dos condicionamentos.
Não é um julgamento, é uma referência.
Pode me chamar de gay, não me sinto constrangido.
Pode me chamar de gay, está dizendo que sou inteligente.
Está dizendo que converso com ênfase. Está dizendo que sou sensível.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que me preocupo com os detalhes.
Está dizendo que dou água para as samambaias.
Está dizendo que me preocupo com a vaidade.
Está dizendo que me preocupo com a verdade.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que guardo segredo.
Está dizendo que me importo com as palavras que não foram ditas.
Está dizendo que tenho senso de humor. Está dizendo que sou carente pelo futuro.
Está dizendo que sei escolher roupas.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que cuido do corpo, afino as cordas dos traços.
Está dizendo que falo sobre sexo sem vergonha. Está dizendo que danço levantando os braços.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que choro sem o consolo dos lenços.
Está dizendo que meus pesadelos passaram na infância. Está dizendo que dobro toalha de mesa como se fosse um pijama de seda.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou aberto e me livrei dos preconceitos.
Está dizendo que posso andar de mãos dadas com os anéis. Está dizendo que assisto a um filme para me organizar no escuro.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que reinventei minha sexualidade, reinventei meus princípios, reinventei meu rosto de noite.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que não morri no ventre, na cor da íris, no castanho dos cílios.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou o melhor amigo da mulher, que aceno ao máximo no aeroporto, que chamo o táxi com grito.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que me importo com o sofrimento do outro, com a rejeição, com o medo do isolamento.
Está dizendo que não tolero a omissão, a inveja, o rancor.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que vou esperar sua primeira garfada antes de comer. Está dizendo que não palito os dentes. Está dizendo que desabafo os sentimentos diante de um copo de vinho.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou generoso com as perdas, que não economizo elogios, que coleciono sapatos.
Pode me chamar de gay. Está dizendo que sou educado, que sou espontâneo, que estou vivo para não me reprimir na hora de escrever.
Pode me chamar de gay. Que seja bem alto.
A fragilidade do vidro nasce da força e do ímpeto do fogo.
Fabrício Carpinejar

Prazer pela metade

Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa, contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido. Uma só!
Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa. Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.
O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano. A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade.

A gente sai pra jantar, mas come pouco. Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons. Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil'). Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta.
Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo.Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar. E por aí vai.Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado': deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções.Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim: 'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'...
Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado.
Um dia a gente cria juízo.
Um dia!
Não tem que ser agora.
Por isso, garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete de chocolate, um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order', uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente. OK? Não necessariamente nessa ordem.
Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago.
Leila Ferreira

Pessoas e cidades

PESSOAS INTERESSANTES TEM FALHAS
Uma das coisas que fascinam na cidade de San Francisco  é ela estar localizada sobre a falha de San Andreas, que provoca pequenos abalos sísmicos de vez em quando e grandes terremotos de tempos em tempos.
Você está muito faceiro caminhando pela cidade, e de uma hora para outra pode perder o chão, ver tudo sair do lugar, ficar tontinho,tontinho. É pouco provável que  vá acontecer justo quando você estiver lá, mas existe a possibilidade, e isso amedronta, mas, ao mesmo tempo excita,vai dizer que não?
Assim também são as pessoas interessantes:  TÊM FALHAS.
Pessoas perfeitas são como Viena, uma cidade linda, limpa, onde tudo funciona e você quase morre de tédio.
Pessoas, como cidades, não precisam ser excessivamente bonitas.
É fundamental que tenham sinais de expressão no rosto, um nariz com personalidade, um vinco na testa que as caracterize. Pessoas, como cidades, precisam ser limpas, mas, não ao ponto de não possuírem máculas.
É preciso suar na hora do cansaço, é preciso ter um cheiro próprio, uma camiseta velha para dormir, um jeans quase transparente de tanto que foi usado, um batom que escapou dos lábios depois de um beijo, um rímel que borrou um pouquinho quando  você chorou.
Pessoas, como cidades, têm que funcionar, mas não podem ser previsíveis.
DE VEZ EM QUANDO, sem abusar muito da licença, devem ser INSENSATAS, ligeiramente PASSIONAIS, demonstrar um CERTO DESATINO, ir contra alguns prognósticos, COMETER
 ERROS de julgamento e pedir desculpas depois, PEDIR DESCULPAS SEMPRE, para poder ter crédito e errar outra vez.
Pessoas, como cidades, devem dar vontade de visitar, devem satisfazer nossa necessidade de viver momentos sublimes, devem ser calorosas, ser generosas e abrir suas portas, devem nos fazer querer voltar, porém não devem nos deixar 100% seguros, nunca. Uma pequena dose de apreensão e cuidado devem provocar. Nunca deve-se deixar os outros esquecerem que pessoas, assim como cidades, têm  RACHADURAS INTERNAS, portanto podem surpreender.
Falhas. Agradeça as suas, que é o que HUMANIZA   você, e nos FASCINA.
Martha Medeiros

Religiões

Preconceitos

O vídeo é forte mas é a realidade de muitas pessoas....

http://www.youtube.com/watch?v=yuKrPGn3Els

Vida pelo avesso

Às vezes é preciso chorar
Rasgar a alma e limpar o ser
Beber o fel como se fosse mel
Cortar a vida ao meio e
jogar pedaços em todas as direções
Procurar o rosto no escuro
Fazer tudo ao contrário dos sonhos
Viajar na cauda de um cometa
Perder-se no infinito
Ficar cega para o amanhã
Não tecer mais fantasias
Perdi o fio da meada
Incerto é o caminho
Pálida é a cor da esperança
De mim fugiram todas as alegrias
A porta do tempo fechou-se
Uma teia invisível enroscou-se sobre
os meus dias
Tudo que recebi de presente do destino
foi uma simples vida pelo avesso.

Zena Maciel

Não tem volta

Se você vai por muito tempo
você nunca volta.
Você retorna,
Você contorna
mas não tem volta
a estrada te sopra pro alto
pra outro lado
enquanto
aquele tempo
vai mudando.
Aí, de quando
em quando você lembra
aquele beijo,
aquele medo
mas você sabe
que tudo ficou antigo
e você não volta
nem com escolta
nem amarrado
porque o passado
já te perdeu
e o perigo
muda mesmo de endereço
Não existe pretexto.
O dia mudou
o carteiro não veio
o principio é o meio
e você retorna
mas não tem volta.
Zélia Duncan

O mar

O céu, cinza Cinza também o mar....
A praia, vazia vazio também meu olhar....
A areia se desfaz sob meus pés.
Lágrimas rolam dos meus olhos,
descem pelo meu corpo e se fundem com o mar...
sou onda, sou espuma, sou nada.
Imersa no mar, descubro a Vida.
Submersa na dor, descubro a Vida.
Escondido nas nuvens, descubro o Sol.
Refletido no mar, descubro o Sol.
Meu coração renasce meus olhos sorriem
Um veleiro cruza o horizonte....
Viviane Gehlen

Par ou ímpar

Eu levo a vida
Ou é a vida que me leva?
Não sei, não sei.
Passam-se os dias
E os dias passam por mim
Sem me perceber.
Assim como os amores
Que passam
E esquecem de bater
E a minha alma gêmea,
Na verdade é trigêmea,
Eu fiquei sem par.
Nessa vida cheia de ímpares
Eu sou sempre o resto.
Por quê? Eu não sei.
Quem sabe um dia eu me encontre
Encontre o meu lugar no mundo
Num canto do resto do mundo
Do mundo que ninguém quis.
Quem sabe eu encontre o meu amor
O amor que sobrou da vida de alguém
Alguém que pôde escolher entre dois
E jogou um fora.
Quem sabe eu passe pela vida
Antes que a vida passe por mim.
Quem sabe os dias me percebam.
Ou melhor ainda
Quem sabe um dia
Eu deixe de ser um número ímpar.
Vivian Schatz

Retrato extrato

Adentro minha face no espelhoPaisagem de sonho, fantasia
Miragem do dia a dia
Realidade vazia
Onde a verdade?
A milênios assim me retrato:
No espaço dos meus olhos, apenas
O traço externo de minha face
Fotografo
A milênios assim me refrato:
Na expressão do meu olhar
A revelação do que eu não vejo,
Projeto
O semblante sem retoque, nas retinas
Estraçalho
Penetro meu rosto por entre os cacos
No caleidoscópio das pupilas
O avesso de minha face
Transparece
Afogo a imago
Afago o ego
Um eco: estou liberta
Virginia Schall
 

Reflexo no espelho

O que revela um espelho?
somente a imagem de alguém
ou se olharmos direito
veremos a alma também
talvez os desenganos
marcados por muitas linhas
sulcados por muitos anos
vividos nesta vida ou no além...
trazemos em nosso traços
vidas e vidas passadas
nossas ações do pretérito
nossos amores, nossos laços
trazemos marcados o mérito
de termos sido bons amigos
de boas palavras dizer
ou o pecado da omissão
sem auxiliar nosso irmão....
assim nos revela a imagem
num espelho refletida
como uma linda paisagem
se a tivermos bem vivida.
mas o espelho é cruel
e não mentirá jamais
creia em deus, seja fiel
para não ver refletida
uma existência sem vida....
Thereza Mattos

A idade de ser feliz

Existe somente uma idade para a gente ser feliz
somente uma época na vida de que cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-los
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos
Uma só idade para a gente se encantar com a vida
e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo nem culpa de sentir prazer
Fase dourada em que a gente
pode criar e recriar a vida
à nossa própria imagem e semelhança
e vestir-se com todas as cores
e experimentar todos os sabores
e entregar-se a todos os amores
sem preconceito nem pudor
Tempo de entusiasmo e coragem
em que todo desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda disposição
de tentar algo novo, de novo e de novo,
e quantas vezes for preciso
Essa idade tão fugaz na vida da gente
chama-se PRESENTE
e tem a duração do instante que passa...

Tania Regina

Golpes

Golpes
De machado na madeira,
E os ecos!
Ecos que partem
A galope.
A seiva
Jorra como pranto, como
Água lutando
Para repor seu espelho
Sobre a rocha
Que cai e rola,
Crânio branco
Comido pelas ervas.
Anos depois, na estrada,
Encontro
Essas palavras secas e sem rédeas,
Bater de cascos incansável.
Enquanto do fundo do poço, estrelas fixas
Decidem uma vida.
Sylvia Plath

Espelho

Sou prata e exato. Eu não prejulgo.
O que vejo engulo de imediato
Tal qual é, sem me embaçar de amor ou desgosto.
Não sou cruel, tão somente veraz —
O olho de um deusinho, de quatro cantos.
O tempo todo reflito sobre a parede em frente.
É rosa, com manchas. Fitei-a tanto
Que a sinto parte de meu coração. Mas vacila.
Faces e escuridão insistem em nos separar.
Agora sou um lago. Uma mulher se inclina para mim,
Buscando em domínios meus o que realmente é.
Mas logo se volta para aqueles farsantes, o lustre e a lua.
Vejo suas costas e as reflito fielmente.
Ela me paga em choro e agitação de mãos.
Sou importante para ela. Ela vai e vem.
A cada manhã sua face reveza com a escuridão.
Em mim afogou uma menina, e em mim uma velha
Salta sobre ela dia após dia como um peixe horrendo.
Syvia Plath