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sábado, 17 de novembro de 2012

Doces surpresas


            Na última quarta-feira, no passeio diário com a Sharon, encontramos duas vizinhas que estavam a caminhar com suas mascotes; a minha mocinha, que agora está tornando-se sociável, foi cheirar as companheiras, quando foi atacada a dentadas por uma delas – teve um ferimento hemorrágico no olho esquerdo, que deixou as “mamis” de todas bastante assustadas... e a Sharon nem se defendeu!!
            Eu, disse que essas coisas acontecem e, com o meu jeito objetivo sabia que teria que levá-la ao veterinário para avaliar e tratar os danos. Interrompemos o passeio, subi para o apartamento para limpar o sangramento (estava gotejando...) e liguei para a clínica para me informar se o motorista estava disponível para vir buscá-la, como ele havia saído, liguei para um táxi.
            Quando estava no hall do edifício esperando, a dona da ‘fera’ (uma poodle menor que a Sharon) veio até nós e ofereceu-se para levar-nos; fiquei grata e surpresa com a solicitude dela, que também arcou com as despesas veterinárias do incidente.
Não esperava essa atitude, fui positivamente surpreendida: ainda há pessoas que se preocupam, que bom!!!
Saldo do acontecimento: apesar do susto, percebi que existem pessoas que fazem o bem, conheci uma nova vizinha e, indiretamente, indiquei para ela uma clínica veterinária, já que ela está sem referência no momento. A Sharon esqueceu o assunto rapidinho - à tarde já queria sair para a rua e no dia seguinte, se aproximou de outros cachorros para ‘conhecer’ (eu é que estava receosa...)






quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Velha infãncia

Recordação da trilha sonora de 'abertura dos trabalhos' da retransmissora de tv que assistia quando criança. 
Um vídeo clipe cheio de imagens bonitas e simbólicas (desconfio, a tv era p/b, cheia de chuviscos...) com um cavalo branco galopando em uma praia ...

http://www.youtube.com/watch?v=CyWFqERVUNE

Vontades


Abrigo em mim tantas vontades;
vontades educadas que freiam
à luz do sinal vermelho,
e não correm pela pista que leva
aos excessos da boa mesa.
Vontades gordas de amar,
de dar abraços com extras medidas,
que me cairão perfeitos
sem que eu nem me preocupe
em aparar os excessos.
Tenho vontades loucas
de ultrapassar as barreiras
da qualquer nobre educação,
e no rosto de quem não a tem,
e que me trata com desdém,
deixar minhas mãos estalarem
quebrando tijolos de arrogância.
Para remendar o mundo,
tenho longas linhas de vontades
que em pontilhadas microscópicas
se transformam em fantasmas
e dançam soltos sem arremates.
Tenho vontades aos montes
pelo corredor da mente,
que vão na mira das luzes,
mas numa árdua triagem,
libero somente as perfeitas,
que se realizam como modelos.

Rosa Clement

Retratos


Retratam-se figuras, rostos, gravuras.
O pôr-do-sol e até mesmo as manhãs escuras.
Retratam-se momentos de dor ou de muita ternura.
Gravam-se vozes, gestos, olhares e acontecimentos.
E todos estes ficam no anonimato do esquecimento.
Mas retratam-se para um dia vir à tona uma alegria,
ou até mesmo um descontentamento.
Na chegada dos nossos dias, são tantas as nostalgias.
Das horas e horas festivas nas quais tu existias.
Do bom tempo da idade da razão,
Onde o dono de tudo era tão somente o coração.
Te conheci, te retratei, te amei e te perdi
Mas de lá para cá, jamais te esqueci.
Guardei-te como um retrato muito especial.
E confesso que até hoje não amei outro igual.
Quando depois das lágrimas acordei,
Cansada do desfalecimento pensei:
Ah! Um dia... jamais te esquecerei.
Se soubesse do bem que te quis,
De como quis te fazer feliz.
De como sofri quando te perdi.
E do tanto que por você já morri.
Se pudesses ver dentro de mim,
Sei até que para um sofrimento sem fim.
A coletânea, para lembrar que te amei.
A inesquecível forma de tê-lo comigo.
Às vezes sendo até como um castigo.
Um dia te olhei, te conheci,
e a partir daí nasci.
Te roubei em retratos que jamais devolvi.
E hoje tenho guardado comigo,
a imagem de um amor antigo.
Que mesmo passado o tempo,
sempre te encontro no meu encantamento.

Sandra Aparecida Gama

E....

O meu pensamento
é uma sala-de-estar.
Com portas e janelas
e sem paredes
e sem teto.
Não há limites.
A sala é minha
e nela recebo os meus amigos.
(E você mora nela)
E há flores por todos os lados.
No canto,
a saudade está
e no centro, uma mesa
enorme.
Sobre ela, pétalas
e entre as pétalas,
porta-retratos
com fotografias de pessoas
que amo, que admiro
e as que apenas convivo.
No sofá, repousa o passado
o passado lindo
o que foi inesquecível.
O passado ruim
esse
eu joguei pela janela.
é para isso que ela lá está.
No ar, um perfume de rosas
que se mistura entre borboletas
coloridas,
e beija-flores
beijando as flores.
Sem as paredes
e sem o teto
posso mirar as estrela
os cometas, os pássaros
o céu azul
e o Sol
às vezes, entre as trevas.
E a chuva, quando cai
cai apenas sobre as flores
que estão sempre vivas
e coloridas
e lindas.
Quando anoitece
vem do canto, a saudade
e ela acorda o passado
que repousava
e juntos, eles brincam
e dançam
sobre o tapete salgado de lágrimas.
E cheiram as flores
e sentem o perfume de rosas
e bajulam as borboletas
e dão mel aos beija-flores.
E ficam olhando os porta-retratos
e cantam uma canção
enquanto eu... adormeço
e suspiro...
e sinto...
e choro...
e sonho...
e desejo nunca acordar...

Vivian Schatz