Por Arthur Henrique Chioramital
Encher a timeline (linha do tempo) das pessoas com atualizações,
postagens e recados é o primeiro e talvez mais grave dos pecados que podem ser
cometidos nas redes sociais. Na minha opinião, quem faz isso deveria ser
condenado à fogueira, mas me parece que a Santa Inquisição abandonou a prática.
Uma pena. Eu sei que você foi criado em um lar cheio de amor que girava em torno
de cada pequena necessidade sua e que por isso precisa, quase patologicamente,
avisar a todos quando vai tomar água, fazer xixi, descascar uma laranja ou
deixar/chegar ao trabalho. Na boa, não precisa. Mesmo. Primeiro porque a gente
não liga. Depois porque faz você parecer um loucp carente e sem amigos. Melhor
não, né?
Postar um milhão de fotos de bichinhos fofinhos com frases inspiradoras
ou de autoria questionável é outro deslize que me faz considerar seriamente
parar de receber as atualizações de certas pessoas. Caio Fernando Abreu, Clarice
Lispector e Drummond jamais escreveriam aquelas coisas e se tivessem
escrito não gostariam que suas palavras viessem acompanhadas da foto de um
filhote de cachorro. Se isso não for razão suficiente para você abandonar esse
hábito, pensa que essas imagens são cafonas, muito cafonas. Tipo apresentação de
Power Point com parábolas bíblicas. Se você ainda manda e-mails com
apresentações em Power Point com parábolas bíblicas, pare de ler esse texto
agora mesmo e volte para os anos 90. A humanidade agradece.
Compartilhar coisas que não são de interesse público é outra coisa que
convém evitar. Outro dia uns amigos comentavam que a página deles foi invadida
pelas fotos da cirurgia do menisco de um colega em comum. Eu, de verdade, não
consigo imaginar o que passa pela cabeça do sujeito para ele achar que as
pessoas vão curtir ver o joelho dele todo aberto. A dica é simples: a vida
pessoal continua pessoal. Tente limitar o conteúdo das postagens a algo que
realmente pode ser útil para quem recebe suas atualizações.
Tópicos muito específicos devem ser compartilhados com pessoas que se
interessam pelo tema. Se você é super fã daquela banda finlandesa que faz música
a partir de latas de sardinha, ótimo. Isso não quer dizer que eu vou achar
superlegal receber notificações sobre cada um dos videoclipes dos caras que você
postar. Futebol, religião e novelas são assuntos que costumam gerar situações
assim. Gente, o facebook permite que você separe seus contatos justamente para
evitar esse tipo de aborrecimento. Bora aprender a usar esse recurso e parar de
encher o saco dos outros porque o seu time ganhou a partida do final de semana
ou a Carminha levou uma surra do Tufão.
Ok, algumas causas são universais e devem ser defendidas por todos nós,
mas as pessoas têm o direito de escolher até que ponto querem se envolver. Eu
sou contra a violência doméstica ou contra crianças e animais, e não perco a
oportunidade de alertar as pessoas sobre esses problemas. Mas prefiro não ver as
fotos de um cão que apanhou até morrer ou assistir o video de uma criança sendo
espancada pela babá. Esses são os meus limites. Seria elegante
respeitá-los.
Marcar os outros em posts e fotos sem autorização também é pisar feio na
bola. O mesmo vale para os aplicativos que mostram os lugares que você visitou.
A pessoa tem o direito de não querer que saibam onde ela jantou ou o tanto que
ela bebeu na última balada. Se para você não tem problema, tudo bem, mas tem
gente que prefere não se expor tanto nas redes sociais. Na dúvida pergunte antes
se pode associar as imagens e informações ao profile (perfil) do
outro.
No fundo, minha gente, é sempre sobre
respeitar o espaço do outro e se colocar no lugar dele. Tipo civilidade, sabe?
Pode parecer frescura no começo, mas todo mundo sai ganhando no final. Pode
apostar.
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