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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Os (des)mandamentos das redes sociais


Por Arthur Henrique Chioramital

 
E outro dia o Facebook anunciou ter alcançado a marca de um bilhões de usuários. Isso mesmo, você fez a conta certo, de cada seis pessoas que habitam este planeta, aproximadamente uma tem uma página na rede social criada por Mark Zuckerberg. Com tanta gente envolvida, mais cedo ou mais tarde os desmandos, maus modos e falta de noção que pululam no nosso dia a dia migrariam do mundo real para o virtual. Pois bem, infelizmente foi mais cedo. Exemplos de mau uso das redes sociais não faltam.
Encher a timeline (linha do tempo) das pessoas com atualizações, postagens e recados é o primeiro e talvez mais grave dos pecados que podem ser cometidos nas redes sociais. Na minha opinião, quem faz isso deveria ser condenado à fogueira, mas me parece que a Santa Inquisição abandonou a prática. Uma pena. Eu sei que você foi criado em um lar cheio de amor que girava em torno de cada pequena necessidade sua e que por isso precisa, quase patologicamente, avisar a todos quando vai tomar água, fazer xixi, descascar uma laranja ou deixar/chegar ao trabalho. Na boa, não precisa. Mesmo. Primeiro porque a gente não liga. Depois porque faz você parecer um loucp carente e sem amigos. Melhor não, né?
Postar um milhão de fotos de bichinhos fofinhos com frases inspiradoras ou de autoria questionável é outro deslize que me faz considerar seriamente parar de receber as atualizações de certas pessoas. Caio Fernando Abreu, Clarice Lispector e Drummond jamais  escreveriam aquelas coisas e se tivessem escrito não gostariam que suas palavras viessem acompanhadas da foto de um filhote de cachorro. Se isso não for razão suficiente para você abandonar esse hábito, pensa que essas imagens são cafonas, muito cafonas. Tipo apresentação de Power Point com parábolas bíblicas. Se você ainda manda e-mails com apresentações em Power Point com parábolas bíblicas, pare de ler esse texto agora mesmo e volte para os anos 90. A humanidade agradece.
Compartilhar coisas que não são de interesse público é outra coisa que convém evitar. Outro dia uns amigos comentavam que a página deles foi invadida pelas fotos da cirurgia do menisco de um colega em comum. Eu, de verdade, não consigo imaginar o que passa pela cabeça do sujeito para ele achar que as pessoas vão curtir ver o joelho dele todo aberto. A dica é simples: a vida pessoal continua pessoal. Tente limitar o conteúdo das postagens a algo que realmente pode ser útil para quem recebe suas atualizações.
Tópicos muito específicos devem ser compartilhados com pessoas que se interessam pelo tema. Se você é super fã daquela banda finlandesa que faz música a partir de latas de sardinha, ótimo. Isso não quer dizer que eu vou achar superlegal receber notificações sobre cada um dos videoclipes dos caras que você postar. Futebol, religião e novelas são assuntos que costumam gerar situações assim. Gente, o facebook permite que você separe seus contatos justamente para evitar esse tipo de aborrecimento. Bora aprender a usar esse recurso e parar de encher o saco dos outros porque o seu time ganhou a partida do final de semana ou a Carminha levou uma surra do Tufão.
Ok, algumas causas são universais e devem ser defendidas por todos nós, mas as pessoas têm o direito de escolher até que ponto querem se envolver. Eu sou contra a violência doméstica ou contra crianças e animais, e não perco a oportunidade de alertar as pessoas sobre esses problemas. Mas prefiro não ver as fotos de um cão que apanhou até morrer ou assistir o video de uma criança sendo espancada pela babá. Esses são os meus limites. Seria elegante respeitá-los.
Marcar os outros em posts e fotos sem autorização também é pisar feio na bola. O mesmo vale para os aplicativos que mostram os lugares que você visitou. A pessoa tem o direito de não querer que saibam onde ela jantou ou o tanto que ela bebeu na última balada. Se para você não tem problema, tudo bem, mas tem gente que prefere não se expor tanto nas redes sociais. Na dúvida pergunte antes se pode associar as imagens e informações ao profile (perfil) do outro.
No fundo, minha gente, é sempre sobre respeitar o espaço do outro e se colocar no lugar dele. Tipo civilidade, sabe? Pode parecer frescura no começo, mas todo mundo sai ganhando no final. Pode apostar.


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