Há coisas na vida que me deixam
perplexas; ok, sou uma mulher madura e deveria não me importar com o que não
está ao meu alcance.... em vários aspectos, já cheguei a conclusão que o melhor
a fazer é me alienar.
Um ditado diz que “é possível
tirar a pessoa da favela mas não a favela da pessoa” o mesmo se aplica ao
ativismo social... se eu fosse católica ou evangélica, talvez tentasse um
exorcismo para me livrar da indignação que se apodera de mim, em determinadas
situações.
Nos últimos tempos, estou sendo
privilegiada com informações a respeito da militância atual e, para usar um
jargão gay: tô bege!!!! O que está acontecendo com as pessoas? Serão os sinais
do apocalipse, já que o mundo irá acabar no final do ano?
No ‘meu tempo’ se falava na
importância de se oxigenar o movimento e incentivar a formação de novas
lideranças, o único oxigênio evidente é nos cabelos dos militantes do milênio
passado que não percebem que prá tudo na vida há prazo de validade e insistem
em um discurso rançoso... As figuras em evidência nas organizações da sociedade
civil são as mesmas que se profissionalizaram no movimento social e esqueceram
da razão de sua existência: a aids, tal como ela é!
Presença confirmada nos discursos
de sempre, Herbert Daniel, um ser lendário e que precisa ser reverenciado como
alguém que trouxe à tona a reflexão sobre viver com HIV e aids, ele foi um militante na essência e deve
estar virando-se no túmulo com os rumos que o movimento tomou – mais que os
belos textos, as pessoas deveriam orientar as suas ações no que ele teve
coragem de fazer: enfrentar o sistema.
Surge a questão: por que não
voltar à ativa para fazer a diferença? É difícil não ser manipulada pelos
meandros burocráticos, podendo manter a coerência entre teoria e prática,
abrindo mão da visibilidade ou gerando intrigas com aqueles que detêm o poder
para financiar as pseudoações executadas; basta visitar qualquer serviço
especializado de saúde para ver isso... Para estar no topo, é preciso abrir mão
dos princípios e bajular os que estão uns degraus acima da rede social. Eu não
sirvo mais pra isso e não tenho condições físicas de botar a mão na massa na
base que, ao que parece está descoberta, tendo em vista que os dirigentes
passam em reuniões e viagens e não tem tempo de tratar das ‘questões menores’ e
que realmente influenciam na vida daquelas e daqueles que vivem com HIV e aids.
Não é à toa que a epidemia
tornou-se uma endemia; enquanto não surgir alguém que tenha a coragem de chutar
o balde do governo, a nossa realidade só tende a piorar...
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