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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Tô bege!!!!


Há coisas na vida que me deixam perplexas; ok, sou uma mulher madura e deveria não me importar com o que não está ao meu alcance.... em vários aspectos, já cheguei a conclusão que o melhor a fazer é me alienar.
Um ditado diz que “é possível tirar a pessoa da favela mas não a favela da pessoa” o mesmo se aplica ao ativismo social... se eu fosse católica ou evangélica, talvez tentasse um exorcismo para me livrar da indignação que se apodera de mim, em determinadas situações.
Nos últimos tempos, estou sendo privilegiada com informações a respeito da militância atual e, para usar um jargão gay: tô bege!!!! O que está acontecendo com as pessoas? Serão os sinais do apocalipse, já que o mundo irá acabar no final do ano?
No ‘meu tempo’ se falava na importância de se oxigenar o movimento e incentivar a formação de novas lideranças, o único oxigênio evidente é nos cabelos dos militantes do milênio passado que não percebem que prá tudo na vida há prazo de validade e insistem em um discurso rançoso... As figuras em evidência nas organizações da sociedade civil são as mesmas que se profissionalizaram no movimento social e esqueceram da razão de sua existência: a aids, tal como ela é!
Presença confirmada nos discursos de sempre, Herbert Daniel, um ser lendário e que precisa ser reverenciado como alguém que trouxe à tona a reflexão sobre viver com HIV e aids,  ele foi um militante na essência e deve estar virando-se no túmulo com os rumos que o movimento tomou – mais que os belos textos, as pessoas deveriam orientar as suas ações no que ele teve coragem de fazer: enfrentar o sistema.
Surge a questão: por que não voltar à ativa para fazer a diferença? É difícil não ser manipulada pelos meandros burocráticos, podendo manter a coerência entre teoria e prática, abrindo mão da visibilidade ou gerando intrigas com aqueles que detêm o poder para financiar as pseudoações executadas; basta visitar qualquer serviço especializado de saúde para ver isso... Para estar no topo, é preciso abrir mão dos princípios e bajular os que estão uns degraus acima da rede social. Eu não sirvo mais pra isso e não tenho condições físicas de botar a mão na massa na base que, ao que parece está descoberta, tendo em vista que os dirigentes passam em reuniões e viagens e não tem tempo de tratar das ‘questões menores’ e que realmente influenciam na vida daquelas e daqueles que vivem com HIV e aids.
Não é à toa que a epidemia tornou-se uma endemia; enquanto não surgir alguém que tenha a coragem de chutar o balde do governo, a nossa realidade só tende a piorar...

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