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sábado, 24 de março de 2012

Principio e fim

Em 2005, quando comecei a apresentar complicações de saúde, a médica clínica que me acompanhava pelo SUS desde o diagnóstico, sugeriu que eu procurasse um especialista em infectologia.
Como eu conhecia a maioria deles, por ter ocupado uma posição de destaque no GAPA/RS, fiz uma escolha aleatória no rol de possibilidades oferecidas pelo meu convênio: optei por um que não conhecia, me atraiu pelo sobrenome diferente (de origem grega) e, na época, ocupava o cargo de coordenador municipal de aids.
Por algum acaso do destino, eu nunca tinha ouvido falar dele, já que o mesmo havia trabalhado no SAE municipal e atendia vários pacientes que freqüentavam o GAPA/RS – acho que foi mais ou menos como o caso de eu ter ido trabalhar como voluntária do GAPA/RS desconhecendo a minha sorologia....
Tivemos afinidade desde o primeiro momento e a nossa relação era de parceria, tendo em vista que eu tinha conhecimento técnico na área e precisava dele basicamente para carimbar os pedidos de exames e os formulários de medicação; é preciso considerar que quando adoeci, eu vinha de um período sem uso de antirretrovirais e ele prescreveu um esquema que usei com sucesso por 6 anos, até a falência renal, no ano passado. Em qualquer intercorrência clínica diversa, a orientação era sempre para que eu procurasse um especialista....
No início, tive dificuldades com a forma distinta que ele tem de se organizar: eu sou totalmente organizada (todos temos um pouco de Monk) e não consigo imaginar como as pessoas se encontram no caos; com o passar do tempo, eu continuava gerenciando o meu tratamento mesmo que as minhas informações teóricas tenham ficado defasadas e a sensação era de que eu “dominava” a relação.
Comecei a me preocupar efetivamente com o assunto quando precisei iniciar o esquema de resgate terapêutico e ele demorou 15 dias para preencher um formulário que eu necessitava levar na farmácia para a avaliação da liberação dos novos medicamentos.
Poucas semanas depois, ele entrou em férias; quando estava no período do seu retorno ao trabalho, eu comecei a apresentar os sintomas da esofagite, que foi diagnosticada e tratada pela minha reumatologista, por causa da omissão dele. O papel dele na minha 1ª infecção oportunista, foi o de garantir um leito naquele hospital horrível e transcrever a prescrição feita pela reumatologista. Durante o longo período de internação, por falta de autonomia, senti-me insegura com a forma que ele tinha de gerenciar o meu tratamento.
Eu era acompanhada regularmente por 2 médicos: um que eu mandava e a outra que eu obedecia... estava insatisfeita com o tratamento dele, acho que expirou o prazo de validade da nossa relação, por incompatibilidade de gênios.
É preciso reconhecer que ele sempre esteve com os telefones à disposição para acolher as minhas demandas.
Expondo as minhas preocupações para o meu anjo guardião, ela empenhou-se em encontrar um novo profissional para me acompanhar. Como médica, ela tinha a clareza de que eu precisava de um suporte clínico maior e sempre esteve comigo, enquanto ‘clínica geral’, mesmo com a poliangeíte em remissão.
Agendei consulta com a primeira indicação dela e acredito que terei sorte de ser melhor assistida, além do quê, ela está no Hospital da PUC, onde também eu encontro a Tatiana (e é perto da minha casa...)
Na próxima semana, terei consulta com o meu ex-infectologista para comunicar o rompimento de nossa relação médico-paciente; como toda relação que chega ao fim, creio que será um fato estressante mas, tenho mais é que pensar em meu bem-estar e enfrentar a vida de frente, como sempre fiz!
p.s. depois da consulta, faço uma observação de como tudo ocorreu.

Um comentário:

  1. Foi tudo bem tranquilo durante o "rompimento" - talvez porque eu tenha chegado lá de forma incisiva, colocando a minha decisão, sem dar margens à discussão....
    E, bola prá frente porque segue o baile!!!!

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