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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Tem acompanhante?

em 26.01.2012 – 16h30m
Durante o último mês, necessitei buscar serviços de emergência médica e a primeira pergunta feita sempre foi: “tem acompanhante?”
Após o diagnóstico quando, finalmente fui encaminhar a documentação para a hospitalização, o atendente administrativo pergunta-me: “o que a senhora é da paciente?” (ai meus sais!!!!)
Nesses longos e chatos dias de internação, passei a refletir sobre essa questão; por que uma pessoa que escolheu viver só, é responsável por si mesma, resolvendo individualmente todos os problemas do cotidiano, necessita estar acompanhada no momento de procurar auxílio hospitalar? Quando você torna-se paciente, involuntariamente, perde a sua autonomia, é alijado dos seus desejos, a máquina burocrática solicita sempre que ‘um familiar ou acompanhante’ autorize ou solicite algo por você – não interessa o teu estado de consciência, você não é considerado responsável, por encontrar-se doente, mesmo que mentalmente saudável.
Ainda nessa internação, antes de fazer uma endoscopia, a auxiliar liga para o meu quarto perguntando se eu tinha “condições de assinar um termo”. Haja paciência para agüentar ser tratada como incapaz....
A tua rotina de banho e alimentação é determinada por outras pessoas; o ‘cliente’, assim são chamados os pacientes agora, deixa de ser dono do próprio nariz até nas pequenas coisas... não é à toa que se precisa de um tempo de convalescença para voltar à rotina diária e recuperar o EU esmagado e sufocado durante a internação.
Escrevo esse texto enquanto estou no hospital, invadida pelo tédio, esperando o jantar (uma sopa creme de abóbora ou uma canja, servida enquanto o sol ainda está alto) e a troca de plantão para receber a minha medicação....
Mesmo eu tendo o direito a acomodações privativas, estou agora em um quarto duplo (casualmente o outro leito está vago no momento – já passaram 3 pacientes por ele, desde que vim para esse quarto). Tive a sorte de ter ‘companheiras’ de quarto agradáveis e com quem pude conversar para me distrair enquanto o medicamento pulsava lentamente para dentro do meu organismo, me deixando presa à cama – e a sensação é essa mesmo: de estar em uma prisão, sem direitos ou vontades próprias, seguindo as orientações de pessoas que você não conhece.
Além de ter confirmado as minhas crenças de que esse hospital não é bom – vim para cá por necessidade e falta de opção – devo levar na bagagem de volta algum aprendizado, como a importância da paciência, a tolerância com as regras e os diferentes modos de ser e agir e a necessidade de ser mais benevolente.

...Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria...

Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida.... (Milton Nascimento)

Um comentário:

  1. Odeio hospital, e serviços de saúde de forma geralnormalmente me deixam mais doentes, entendo na perfeição o sentimento que sentiu durante sua estadia no hospital.

    Estive 2 dias no hospital e fiquei doente :)

    Nada melhor q nosso lar!


    Melhoras

    Bjis

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