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quinta-feira, 20 de junho de 2013

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado para mulher,
esta espécie ainda 
envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar, 
acho o Rio de Janeiro uma 
beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto 
escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, funso reinos
dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria, 
sua raiz vai ao mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adelia Prado

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